quinta-feira, 1 de junho de 2017

Veramente....

Fomos comemorar. 
Londres. Uma agradável surpresa. Esperava o escuro, as caras sérias, o ambiente desarrumado. Encontrei o Sol e gente como nós.
Não encontrei a diferença. Todos frequentam as mesmas ruas, os mesmos transportes. Todos se encontram numa miscelânea cultural e de moda cheia de uma harmonia desconcertante. Ninguém se incomoda sequer a pensar alguma coisa acerca do que o outro veste ou usa. As ruas e os jardins limpos e cuidados. 
Os dias eram curtos para o roteiro tão exaustivo preparado. Dias com direito a arte, história, diversão e raros minutos de silêncio.
O despertador tocava cedo e as pernas saltavam para mais um dia de descoberta. Já tinha saudades de uma destas viagens em que o dia acaba com os tornozelos a doer, os joelhos difíceis de dobrar e a memória cheia de imagens bonitas.
Foi a tua primeira grande viagem por cidades europeias. O teu olhar não parava um minuto, como quem quer beber todas as imagens sem deixar escapar nada.
As ruas cheias. Cada um para seu lado traçando-se linhas infinitas. Uns para o trabalho, outros para a escola, outros em passeio, outros a fazer exercício físico. Tudo no mesmo quadrado.  
Acho que foi a historia por trás desta cidade que me cativou. A história da realeza, os rituais, a sua intervenção na II grande guerra e as marcas que dela continuam inapagadas. Sempre gostei de filmes baseados em historias reais ... Londres é um desses filmes.
Adorei as cores ... o vermelho dos autocarros e das cabines telefónicas, o verde imenso dos jardins, o tom areia dos edifícios com as luzes da cidade ... o quadro da vida de Londres é incrível a cada esquina.
Adorei o cheiro a café. O café português não tem concorrente à altura, mas Londres cheira a café, a baldes de café. Nas ruas, no metro, no comboio, o café quente acompanha todos para todo o lado.
Adorei o brilho, das pontes, dos palácios, das igrejas, das estátuas. O brilho das jóias da coroa naquela torre branca e imponente ... o brilho da Abadia de Westminster que me tirou a respiração por minutos.
Adorei ver a arte, a tela antiga e a moderna. Conhecer a história ... um pouco da história de Londres e dos que nela deixaram o seu legado.
Adorei as ruas cheias de lojas, as zonas mais pitorescas, os mercados e as velharias. As Praças onde todos se encontram ao final do dia de trabalho.
Adorei o Globo, a recordação viva fabulosa que Shakespeare nos deixou.
Adorei as pontes, os caminhos, os edifícios tão luminosos e modernos.
Adorei viver como criança no mundo dos M&M's, da Lego e da Hamleys.
Adorei espreitar para o Palácio, ver as luzes lá dentro acesas e sonhar.
Adorei correr para conseguir entrar no navio ancorado nas margens do Tamisa e sentir o cheiro a bolos e a pão quente, subir e descer escadas da zona das máquinas...abaixo do nível do mar. Adorei pertencer à Marinha Real Britânica e conhecer todas as suas rotinas.
Adorei ver Churchill e os que durante anos viveram naquele bunker, um comando de guerra subterrâneo. Porque quase vi, cheirei e senti a tensão daqueles dias ... Tudo está igual!
Adorei subir as escadas da estação de metro e deparar-me com uma torre enorme ... tão mais espantosa do que eu imaginava ... e de me fazeres pensar no enorme sino que lhe dá nome, o Big Ben. Cheguei cedo, com pontualidade britânica para não perder nem um minuto daquele dia.
Adorei apanhar o barco e chegar finalmente à ponte que via nos livros e nos filmes. 
Adorei andar na roda gigante e ver tudo aquilo que já tinha visitado.E era tão bonito.
Adorei acordar e ver que me restavam umas horas para conhecer as casas coloridas de Nothing Hill... a porta azul traz tantas lembranças. As ruas, marcadas com linhas no chão para o Mercado de Portobello, cheiram a pão, a croissants e a café.
Adorei tanta coisa que não consigo escrever, sinto os cheiros, oiço os sons, as imagens transbordam na minha memória...
Adorei apanhar o avião de volta e conhecer um pequeno de 7 anos, italiano a viver em Londres. Parou no meio de mil brincadeiras e perguntou:
-  "You are married?".
Depois daquela maravilhosa viagem em que passámos o tempo a voar de um lado para o outro, parámos finalmente e respondemos a sorrir:
"Yes, we are married"
Com ar pasmado perguntou:
"Veramente???".
- "Veramente".























































































Fotografia de
Liliana Lopes
Mário Filipe



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